
Quem somos nós?
Localizado na fazenda Malabar, entre Itatiba e Morungaba, nosso restaurante, café e empório é um convite ao encontro — entre pessoas, sabores e natureza.
A cozinha é 100% vegetal, feita do zero com ingredientes orgânicos de pequenos produtores e fazendas da região.
A inspiração vem da alma brasileira e se mistura com sabores do mundo. Cada prato carrega uma história, um afeto e um cuidado artesanal que começa muito antes de chegar ao prato.
Nosso espaço é acolhedor e versátil: ideal para um almoço em família, uma pausa com amigos ou um passeio com seu pet. Aqui, crianças brincam na grama, visitantes chegam de bicicleta ou a cavalo, e a paisagem é viva — com vaquinhas, cavalos e uma atmosfera que convida a desacelerar.
Além do restaurante, temos um empório com produtos selecionados, feitos com o mesmo carinho que colocamos na cozinha.
E todo mês, promovemos eventos culturais em parceria com artistas, músicos e produtores locais.
Estamos pertinho de Campinas, Valinhos, Vinhedo e Joaquim Egídio.
Vem ser feliz aqui com a gente.
Malabar Restaurante & Café – Itatiba SP
A história da região em cada tijolo
Na casa onde hoje existe um empório, café e pequeno bistrô que serve deliciosas refeições orgânicas, já funcionou a única escola de Itatiba, a Escola Malabar.
Neste local, diversas vidas e histórias se cruzaram, refletindo também a história da cidade
e do país.
SE ESTAS PAREDES FALASSEM
Em 2020, Paulo e sua filha Flávia, neto e bisneta do primeiro proprietário, resolveram transformar esta casa, que estava abandonada, em um ponto de encontro para as pessoas que visitavam a região.
Para resgatar essa memória, antigos alunos e professores foram localizados, e se reuniram em dois dias de conversas e muitas lembranças.
Veja abaixo as histórias que fazem parte do passado da fazenda.
MALABAR E UM GANHADOR DO PRÊMIO PULITZE
Tudo começou com Louis Bromfield, um escritor de best-sellers de Ohio, Estados Unidos, que após sua premiada carreira como romancista, reinventou-se como fazendeiro e se tornou um dos primeiros defensores da agricultura orgânica, na época chamada de agricultura natural.
O nome da sua fazenda em Ohio: MALABAR.
Louis Bromfield nasceu em Ohio no ano de 1896. Ele se tornou mundialmente conhecido por seus romances, com mais de 30 livros publicados. Seu livro mais famoso, Early Autumn, recebeu o prêmio Pulitzer em 1927. Vários de seus livros foram adaptados para cinema com grande sucesso.
Antes disso, ele havia lutado na Primeira Guerra Mundial, quando observou os métodos autossuficientes de agricultura local na França.
Anos mais tarde, ele replicou essas técnicas na sua propriedade em Ohio, a fazenda Malabar.
Uma curiosidade: como Louis era bem relacionado e com muitos amigos, a fazenda Malabar foi o local escolhido para o casamento de Humphrey Bogart e Lauren Bacall.
1953 – RÉPLICA BRASILEIRA
A convite de um grupo de empresários brasileiros, a filha de Louis, Ellen, e seu genro, Carson, vieram para o Brasil para implantar uma fazenda no município de Itatiba com os mesmos princípios da Fazenda Malabar de Ohio.
1955 – ESCOLA PIOREIRA
Em uma época em que existiam poucas escolas rurais, os proprietários da fazenda, em mais uma iniciativa inovadora, criaram a Escola Estadual de Primeiro Grau Fazenda Malabar
“Ela foi uma escola pioneira. Eu acho que assim, fora da cidade, haviam poucas. Ter uma escola assim na fazenda é uma coisa importante, porque não tinha outra opção na região”
Prof Amelia Carbonari – Professora de 1956 a 1960
TERRA DE IMIGRANTES
Naquela época, impulsionado pela instabilidade política e econômica da Europa pós-guerra, Itatiba recebeu um grande número de imigrantes, a maioria vinda da Itália, mas também do Japão, Hungria e outras nacionalidades.
“Nós saímos da Itália e porque lá não dava pra sobreviver, né? Depois da guerra, todos ficaram sem nada, passavam fome. Na última guerra o governo, pediu. Quem quisesse vir pro Brasil podia vir, né? Aí viemos para o Brasil”
Severina Trevisan – morou na fazenda de 1958 a 1963
“Minha família veio da Hungria, também tinha Japoneses e uma turma que tinha vindo da Itália. Era filhos de italianos, família Calheiros, Moretto, Trevisan...”
Eva Kiss - morou na fazenda de 1957 a 1961
No início da escola a maioria dos alunos eram descendentes de imigrantes escoceses, húngaros e muitos italianos.

“Na classe só haviam duas meninas brasileiras”
Prof Amelia Carbonari – Professora em 1956
FAMILIAS DE AGRICULTORES
Na realidade da vida dos pais, estudar não era o mais importante:
“O pai, ele sabia ler, escrever, isso ele sabia, mas ele não se importava de jeito
nenhum com estudo.
O que ele queria era que a gente fosse para a roça pra trabalhar com ele.
Então a gente terminava a escola, malemá chegava em casa, comia alguma coisinha, e já ia pra roça. O importante para ele era isso, era trabalhar.”
Maria Helena Figueiredo, aluna de 1966 a 1970
Quando a professora descobria alguma criança dessa idade que não estava estudando ia atrás:
“Eu tinha mais de sete anos. Aqui na escola vinha também o pessoal da campanha da vacinação, vinha vacinar. E numa dessas eu vim com a minha tia. Aí a professora viu que a gente já estava passando da idade escolar, né? Aí ela começou a insistir. Foi preciso ir atrás do meu pai para poder convencer ele a deixar a gente vir.”
Maria Helena Figueiredo, aluna de 1966 a 1970




















COMPROMISSO COM A EDUCAÇÃO
No primeiro dia de aula Frank, o gerente da fazenda, saía de casa em casa da colônia chamando os alunos para a aula:
“Naquele tempo não havia Lei que obrigava os pais a pôr na escola. Mas os que moravam aqui na fazenda, se o pai não mandasse o Frank ia atrás. Ia de casa em casa.”
Nivia Ceturi – professora de 1971 a 1975
“Estudava até o quarto ano primário, mais não havia. Era muito importante, porque não havia ginásio em Itatiba.
Aprendi a ler e escrever. Aí já ia trabalhar, já não precisava mais estudar.”
Maria Helena Figueiredo, aluna de 1966 a 1970
Mas a importância do estudo ainda era uma questão:
Estudei 3 anos depois o meu pai pediu para eu parar. Ele queria que eu saísse para trabalhar, pra ter uma renda melhor, mas eu também queria parar.
Eu fui trabalhar aqui na fazenda de ajudante de tratorista, ajudei no estábulo também, aí depois já virei tratorista e também logo já casei...”
Vitor Figueiredo – estudou na escola de 1967 a 1969
PROFESSORA COMO REFERÊNCIA
As professoras inspiravam os alunos a evoluir:
“Naquela época a gente não tinha sonho. Que sonho agente ia ter? O exemplo das
professoras pra nós era muito importante, a professora para nós era tudo,
a professora era referência.”
Leila Resende – aluna de 1975 a 1970
O DIA A DIA DA ESCOLA
As professoras vinham de fora, Itatiba, Morungaba, Campinas. Algumas passavam a semana na fazenda, outras vinham e voltavam no mesmo dia.
O pessoal da fazenda buscava a professora de charrete “na pista”:
“Eu vinha de charrete durante mais de 1 hora. A estrada de terra, tudo vazio, não passava ninguém.Era eu e o rapaz que conduzia a charrete...”
Prof Amelia Carbonari – Professora de 1959 a 1960
“A minha mãe ia buscar a professora. As vezes ela não podia.
Aí eu que pegava charrete e ia até a pista, buscava ela depois de tarde levava.
Acho que eu devia ter uns 12 anos, 13 anos.”
Maria Helena Figueiredo - aluna de 1967 a 1970
“Tinha primeira, segunda, terceira e quarta série, todas numa sala só e uma professora.
E como é que ela fazia pra dar aula para os alunos de quatro anos diferentes?”
Neusa Peterson – aluna de 1960 a 1963
DIRETO DA FAZENDA
Tinha horta na escola para usar na merenda e o que sobrava os alunos levavam para casa.
A professora cuidava da horta junto com os alunos:
“A gente fez uma horta com as crianças aqui pra escolinha, então sempre tinha verdura fresca.
O leite era fornecido pela fazenda para as criança e tinha frutas da fazenda também,”
Deocisa Ribeiro (Dodô) – merendeira de 1978 a 1988
“Eu não conhecia a cenoura, rúcula, beterraba, rabanete, acelga, nabo também. Porque até então em casa só tinha couve, alface, tomate.”
Marcia Figueiredo – Aluna de 1987 a 1990
Tinha revezamento dos alunos para buscar leite no curral porque, além da farra, eles já vinham bebendo pelo caminho...:
“O leite era escalado porque dava briga, todo mundo queria buscar leite”
Leila Resende – aluna de 1975 a 1978
Adoravam a merenda, já era uma vocação deste local: comida boa e feita com carinho!
“Tinha a merendeira, dona Dodô, que cozinhava maravilhosamente. A melhor coisa na escola era a merenda!”
Fernanda Figueiredo – morou na fazenda de 1985 a 1987
“Eu trabalhava na roça. Ai o administrador chamou meu marido e perguntou se eu não podia vir fazer comida pros meninos até conseguir alguém para vir trabalhar aqui, né?
E ficou que não arrumou essa merendeira. Eu trabalhei dez anos aqui”
Deocisa Ribeiro (Dodô) – merendeira de 1978 a 1988
OS BAILINHOS E CINEMA
Escola era também um espaço de convivência:
“A cada 15 dia tinha baile, fechava a escola e no final de semana era o baile”
Aparecida Donizete – moradora de 1957 a 1961
“Ah no Bailinho que tinha, sempre vinha um pessoalzinho de lá de Itatiba, e juntava um pessoalzinho daqui mesmo.
Ah, era gostoso.”
Maria do Carmo Dias – moradora de 1957 a 1961
Alguns finais de semana a turma ia para Itatiba, ao cinema:
“A fazenda levava a gente na cidade, no cinema, a gente ia com trator, na carreta atrás. Então sentava tudo lá, e ia embora naquele tratorzinho, era muito bom...”
Aparecida Donizete – moradora de 1957 a 1961
ALÉM DO ENSINO
“Quando eu era pequena, eu devia ter uns três, quatro anos. A minha mãe trabalhava na sede da fazenda, era cozinheira e eu vinha com a minha irmã para não ficar sozinha em casa, não todo dia, mas de vez em quando eu vinha.
Aí eu lembro que eu ficava no pátio, com a dona Dodô, que cozinhava maravilhosamente. Mas eu lembro que eu ficava na sala também. Tinha a professora dela, Maria José, ela me tratava muito bem, era muito carinhosa, me pegava no colo.
Eu gostava muito de vim aqui, gostava muito.
Era uma escola muito calorosa, muito família, entendeu?”
Fernanda Figueiredo – irmã da Marcia, aluna de 1987 a 1989
E DEPOIS...
Maioria não teve como seguir os estudos depois, começavam logo a trabalhar. Quem podia ia pra Itatiba, Amparo, Campinas, São Paulo…
““Prá gente era tudo, né? Porque na escola a gente tinha atenção, a gente tinha cuidado, a gente tinha um aprendizado, tudo. Em casa, a gente não tinha nada disso. E eu fiquei super chateada que depois, quando eu terminei a quarta série, não podia mais estudar, eu tinha que ir para a cidade, mas infelizmente não deu certo. Eu tinha inclusive o desejo realmente de ser professora, inspirada nelas. Foi uma época de inspiração, quer dizer, um divisor de água, né? Onde que você amplia a sua mente, você amplia a sua visão, É outra coisa, né? E eu falo que graças aos quatro anos que eu fiz hoje eu consigo ler, entender, interpretar tudo o que eu vejo. Foi muito importante!”
Leila Resende – aluna de 1975 a 1978
1995 – FIM...
A partir do início dos anos 90 o Governo do Estado de São Paulo promoveu um agrupamento das escolas rurais em unidades maiores. Com isso, em 1995, a Escola Malabar encerrou suas atividades.
Nos seus 41 anos de existência cerca de 1.000 moradores da fazenda e da região ao redor tiveram a oportunidade de estudar e aprender aqui neste local onde hoje funciona o MALABAR RESTAURANTE E CAFÉ
Toda história da Escola da Fazenda está presente nas paredes da casa, na presença das pessoas e na comida orgânica!